Este artigo tem como objetivo apontar os sintomas do perfeccionismo no trabalho e quanto essa questão pode pode ser boa ou ruim no seu dia a dia.
Vivemos num mundo que cobra a perfeição a todo instante. O perfeccionismo tem sido valorizado, como comportamento esperado para se obter grandes resultados.
Não poste uma foto feia no Instagram, não ouse sair de casa sem ter arrumado o cabelo, sem estar com uma boa roupa. Seu filho tirou que nota na prova? Nove virou nota baixa. A perfeição aparece até nas entrevistas de emprego, quando perguntados sobre quais são seus pontos fracos e fortes, sempre aparece: perfeccionismo!
No ambiente profissional, competitivo, exigente e com foco em alta performance, é comum nos depararmos com pessoas que buscam cada vez mais a perfeição: não falhar, não cometer erros sob hipótese alguma e ainda mais – que vem e reveem cada tarefa realizada, buscando detalhes ínfimos a serem melhorados.
Precisamos ser perfeitos no trabalho, em casa, na sociedade, como pessoa, com a família.
E não apenas ser, é preciso mostrar que é.
E quando não se atinge esse alto patamar (fixado por quem, mesmo?) surge a frustração e a culpa!
Perfeccionismo no trabalho ajuda ou atrapalha?
Nas entrevistas de emprego há um paradigma que assombra entrevistadores e entrevistados. Afinal, um profissional ser perfeccionista é bom ou ruim para empresa e organização? Depende do ponto de pista? Não, depende dos limites, comportamentos e habilidades de cada um.
Há perfeccionistas que buscam tanta perfeição que interfere nas atividades de outros colegas de trabalho, ficam realizando a mesma tarefa várias vezes por dia ou semana, diminui a produtividade.
Por outro lado, há os perfeccionistas que usam essa característica a favor próprio. Conseguem dividir as tarefas, se relacionar e não perder tempo no que não tem muita habilidade, mas não abrem mão da eficiência das tarefas.
Primeira reflexão, se você vive nesta pilha pela perfeição:
O que te motiva a agir assim? O que realmente busca? O resultado ou a aprovação de terceiros?
8 sintomas da perfeição que pode estar te atrapalhando:
- Você faz muito mais coisas para agradar aos outros do que porque realmente gostaria de ter feito.
- Você passa muito tempo fazendo tarefas repetitivas, como organizar ou conferir coisas.
- Constantemente você discute com as pessoas por elas terem feito algo diferente do que você esperava.
- Você procrastina e não finaliza algumas atividades, achando que falta algo ou que poderia estar melhor.
- Você é altamente crítico com o que faz.
- Você leva tudo para o lado pessoal – mesmo quando o erro foi cometido por outra pessoa, você se cobra!
- Você fica na defensiva quando é criticado.
- Você nunca acha que cumpriu o seu objetivo plenamente, sempre falta algo.
Para você não se sentir só, busquei na internet informação sobre alguns famosos perfeccionistas:
- Glória Pires, atriz
- Alessandra Negrini, atriz
- Paula Fernandes, cantora
- Cameron Diaz, atriz
- Luciano Huck, apresentador e empresário
- Beyoncé, cantora
- Gustavo Kuerten, tenista
- Lilian …rs
O que é ser perfeccionista
Os perfeccionistas, por serem muito detalhistas, determinados e não descansarem enquanto tem trabalho pela frente, não por acaso acabam conquistando sucesso em suas carreiras. O grande problema é o preço que pagam por esse crescimento, que vem com muito trabalho árduo e autocobrança exacerbada.
Eu, perfeccionista que sempre fui e que a algum tempo resolvi aliviar e ter uma vida e carreira mais leve, vejo que esta busca pela perfeição é uma maluquice que tem deixado muita gente sobrecarregada e com sequelas físicas, mentais e emocionais. Nos sobrecarregamos, vamos até o limite e nunca conseguimos baixar a régua.
Na minha visão, a definição de prioridades, a melhoria contínua e o desenvolvimento constante, são fundamentais e substituem a síndrome da perfeição.
– O que é prioridade na sua vida, no seu trabalho?
Se é pra se esforçar em algo, que seja no que realmente te dê resultados.
– O que você faz hoje que pode fazer de outro jeito, com melhores resultados e com redução de tempo ou outros recursos?
Isso é melhoria contínua, é se provocar a fazer o que precisa ser feito, mas analisar onde pode melhorar.
– Quais são as suas potencialidades e como pode usá-las com o melhor proveito possível?
Insistir em ser bom no que somos ruins ou medianos dá muito mais trabalho, leva muito mais tempo e causa mais desgaste do que se especializar no que você faz bem. Invista em você. Desenvolva novos comportamentos, conheça novas tecnologias e processos.
Na vida real, fora dos livros de autoajuda, existem muitos erros.
Errar é humano, já dizia algum filósofo, e errar faz parte do processo de aprendizado. Isso se, quem errou, tiver resiliência – esta sim, junto com a capacidade de aprender constantemente, é uma competência que eleva a pessoa a novos e altos patamares.
Mudar, se adaptar, corrigir a rota, faz parte da vida, da carreira, do negócio de todos nós. Não tem planejamento bem feito que seja executado com perfeição.
Algo sempre sairá diferente, e assim, imperfeito quando comparado ao esperado.
A cobrança pela perfeição gera sentimentos autocríticos, de inferioridade, de incapacidade. Mina a autoestima e com ela o poder de superação e a coragem pra retomar o rumo.
Se você quiser ler mais sobre este tema, indico o livro A coragem de ser imperfeito, de Brene Brown. Leia aqui a resenha.
Hoje vejo que é melhor ser imperfeita, e manter sempre a coragem de seguir em frente e dar o meu melhor.
Hoje melhor do que ontem, amanhã, muito melhor do que hoje.
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