Você sabe quais são as diferenças entre treinamento e desenvolvimento?
O século XXI tem sido extremamente transformador em todos os quesitos: do acesso realmente globalizado, o volume de dados e informações disponíveis, uso de inteligência artificial em coisas até então nem imagináveis. E a educação, tanto a tradicional quanto a corporativa? Pasmem: muita gente segue fazendo mais do mesmo ou simplesmente transferindo o que faziam presencialmente para o mundo virtual.
Antes de falarmos sobre o futuro (que já é presente) em T&D Corporativo, vamos entender estes dois conceitos simples mas que ainda tem muita gente confundindo: treinamento e desenvolvimento.
Entendendo o Treinamento:
O Treinamento tem objetivo de capacitar o colaborador num assunto específico e pontual: uma ferramenta, metodologia, processo. Normalmente a visão é de curto prazo: você precisa que a pessoa aplique imediatamente o conhecimento adquirido e a avaliação será binária e específica: sabe ou não sabe aplicar o que foi ensinado.
E sobre o desenvolvimento:
O Desenvolvimento tem objetivo mais amplo, não apenas um determinado conhecimento ou metodologia, mas sim na construção de novas competências.
É um processo de médio a longo prazo e tem como base o entendimento da subjetividade do aprendizado e a construção de comportamentos e perfil do profissional a ser desenvolvido.
Não foca no cargo em si e sim no potencial do colaborador e nos projetos e desafios da organização. Normalmente a avaliação não é direcionada ao conhecimento adquirido e sim sobre a mudança de comportamento e os resultados gerados pelo colaborador e seu time.
O treinamento é uma parte do desenvolvimento que pode também contar com: grupos de partilha de conhecimento, curadoria de materiais, coaching, mentoria, avaliações de perfil e autoconhecimento, etc.
Neste vídeo eu falo um pouco mais sobre o tema:
Além da definição sobre treinamento e desenvolvimento, nos deparamos com novos elementos: aprendizagem presencial ou EAD?
Muitas pessoas possuem preconceito e até certa implicância com o modelo EAD.
Até que chega a pandemia em março de 2020 e as empresas e profissionais são obrigadas a mudar a forma de trabalho e aprendizagem, e começam a descobrir que:
- Ensino EAD vai muito além de aulas gravadas disponibilizadas numa plataforma de ensino;
- Não é porque seja online que será chato, entediante ou mais do mesmo;
- Existem novas metodologias, tecnologias e formas de facilitação que ajudam a transformar o ensino online;
- Existem muitas opções de ensino – e que cada empresa ou profissional precisa buscar o que faz sentido para seu estilo e necessidade;
- Dizer que não gosto ou que não funciona deixa de ser opção, uma vez que estudar online é a única opção, inclusive para nossos filhos.
Então, vamos fazer disso algo mais legal?
Cuidado na implantação: uma má experiência inicial pode criar travas e barreiras para a implantação do modelo de ensino virtual.
A aprendizagem EAD é diferente da presencial
Muitas empresas estavam acostumadas com a ideia de fazer apenas treinamentos e de forma esporádica, tendo um custo elevado e consumindo muito tempo da equipe de RH para preparar e realizar tais eventos.
Já faz algum tempo que as empresas perceberam que a valorização do capital humano é a chave para o sucesso. A partir daí perceberam também a necessidade de um investimento mais efetivo para o desenvolvimento deste capital humano.
O EAD passou a ser adotado como uma resposta para essa demanda empresarial, visando o aperfeiçoamento das competências que os colaboradores já possuem ou precisam aprender e aprimorar, sendo utilizado de forma isolada ou híbrida, no qual mesclam-se atividades individuais ou em grupo, presenciais e à distância.
E quais são as vantagens de treinar e desenvolver na modalidade EAD?
São inúmeras, mas para mim as mais importantes são:
- Flexibilidade de horário e local
- Incentiva a auto-aprendizagem e autorresponsabilidade
- Oferece métricas para avaliar os resultados e andamento
- Gera valor para o negócio
- Mantém diferenciais e valorização do capital humano
De acordo com a Associação Brasileira de Educação à Distância (ABED), em seu censo de 2017/2018, constatou-se que ocorreu um aumento de 30,43% do número de alunos matriculados nas instituições de cursos livres corporativos online. Isso mostra uma melhor aceitação de alunos e do mercado quanto a formação online, que segue ganhando espaço .
Utilização de variados conteúdos multimídia
De acordo com uma pesquisa do Google com a parceira do Instituto Provokers e a Consultoria Box 1824, em 4 anos o consumo de vídeos na Web cresceu em torno de 135% enquanto a TV teve um aumento de 13% no mesmo período. Isso significa dizer que os brasileiros estão consumindo muito mais vídeos desde 2018.
Desse modo, percebeu-se o potencial dos conteúdos multimídia para treinamentos online, que se tornam mais dinâmicos e estimulantes em detrimento do instrutor explicando o conteúdo diante dos colaboradores.
Por isso a combinação com outras metodologias gera inúmeras otimizações para o treinamento EAD, potencializando o emprego de outras estratégias em paralelo.
Neste episódio do nosso podcast, falamos sobre Novas Tecnologias e Metodologias em T&D
Metodologias
Um mundo novo de opções, conceitos, metodologias e ferramentas têm surgido nos últimos anos e estão à disposição das empresas e treinadores.
Metodologias ativas: modelos de ensino que visam a desenvolver a autonomia e a participação dos alunos de forma integral. Existem vários estudos sobre o tema, os meus preferidos, que aplicamos em nossos projetos é a 70:20:10 e a Pirâmide de Aprendizagem de William Glasser.
As principais metodologias ativas, são:
- Gamificação
- Sala de aula invertida
- Aprendizado Baseado em Projetos (Project Based Learning)
- Aprendizado Maker
- Aprendizado Baseado em Jogos (Game Based Learning)
- Aprendizado Baseado em Problemas (PBL – Problem Based Learning)
- Aprendizado Baseado em Fenômenos
- Aprendizado em Pares ou Times (TBL – Team Based Learning)
- Design Thinking
- Estudo de caso
Com estas transformações os treinamentos se tornam muito mais eficientes e o colaborador fica muito mais engajado. Pois eles são dotados de uma dinâmica estimulante de aprendizagem e transformam as atividades em experiências interativas e de imersão.
Sai de cena o treinador, entra em campo o facilitador.
É importante destacar a mudança no papel do treinador corporativo. Se na modalidade presencial o treinador muitas vezes assume a posição de professor, com características trazidas da pedagogia, no qual uma pessoa domina o conhecimento e é o ponto central da aula, na modalidade à distância o responsável pelo treinamento assume dois outros papéis:
Responsável pela curadoria: Dentro das metodologias ativas, a curadoria é uma das formas de despertar o conhecimento e a atenção dos alunos, selecionando e enviando conteúdos que enriqueçam o aprendizado. Temos um mundo de informações disponíveis na internet. Saber qual irá atingir o papel específico para aquele grupo, colaborador ou proposta de conteúdo é uma arte a ser desenvolvida.
Facilitador: Estes profissionais são preparados para atuarem como instrutores e multiplicadores do conhecimento por meio do treinamento. Assim, utilizando técnicas, comportamentos e apoio de ferramentas efetivas que maximizam os resultados, estes profissionais são preparados para atuarem como instrutores e multiplicadores do conhecimento por meio do treinamento.
Com tantas mudanças e novas demandas é necessário que tanto os RHs quanto os profissionais de Treinamento e Desenvolvimento coloquem as pessoas e empresas no centro da discussão.
Não existe um único modelo de treinamento que fique pronto na prateleira e se adeque à todas necessidades de negócio.
Cada conjunto (ambiente, desafio, tipos de profissionais e recursos disponíveis) é que dará o tom do projeto a ser desenvolvido.
Aprenda técnicas, metodologias e ferramentas para realizar avaliações de Desempenho e Potencial