Você sabe quais são as competências profissionais essenciais para não ser atropelado pela evolução, ser um profissional cada vez melhor e sobreviver no mundo VUCA? Vamos falar sobre isso!
O trabalho está mudando drasticamente. Não importa se você é CLT, autônomo, empreendedor: o mundo está mudando rapidamente e se você não quer ser atropelado pelo que está acontecendo e pelo que está por vir, é bom se preparar para novos modelos e competências.
Pode parecer clichê, mas não tem como falarmos sobre este tema sem citar cases como dos táxis engolidos pelo Uber, os Hotéis sendo ultrapassados pelo Airbnb, lojas físicas e tradicionais sendo esmagadas pela Amazon.
Vamos olhar apenas o primeiro caso. Uber e Táxi. Você tem ideia de por quanto tempo tivemos como opção somente os táxis?
Um caso de evolução bem próximo
Segundo a Veja SP, na cidade de São Paulo o mercado de transporte particular pago de passageiros tem longa história na cidade.
Os primeiros veículos datam do fim do século XIX e se concentravam no Largo da Sé e no Pátio do Colégio.
Somente em 2014 o Uber chegou na capital paulista.
Foram mais de 100 anos de domínio dos táxis. O que eles inovaram ou melhoraram nos serviços durante este tempo?
Em 2017 a capital já possuía mais carros por aplicativo (50 mil) do que táxis credenciados (38 mil). Sabemos da dificuldade e custo para conseguir ser taxista versus a facilidade para se cadastrar como motorista de aplicativo, inclusive com carro alugado.
Segundo a pesquisa Origem Destino realizada em 2017, a cada 4 chamados, 3 eram feitos por aplicativo e somente 1 pelo meio tradicional.
Neste momento, já tínhamos novas empresas operando, como a Cabify e 99, ampliando e dividindo mercado. Uma mudança nos costumes do público, que não apenas migrou do táxi para o transporte por aplicativo: houve uma queda considerável no número de usuários de ônibus e fretados.
Ou seja, a nova modalidade não apenas tirou clientes dos taxistas: abriu opções novas para pessoas que antes não utilizavam esta modalidade, se tornando uma opção de transporte mais acessível.
No meio de tantas mudanças e após várias disputas, somente no final de 2017 a prefeitura de SP em parceria com a do Rio decidiu lançar um aplicativo para os usuários chamarem o táxi.
Perdeu timming? Poderia ter agido mais rápido, confiou na sua tradição? Não sou especialista nisso, apenas trouxe o caso para refletirmos.
Muitas mudanças ainda estão ocorrendo neste cenário e são muitas as reflexões para nossa carreira, antes de entrarmos no tema principal deste texto: as competências profissionais essenciais para não ser atropelado pela evolução.
O que aprendemos com essa história de táxis e aplicativos
> Como você pode oferecer algo a mais para o seu público ou reduzir algo para tornar seu produto mais acessível?
Aqui estou unindo duas questões: ter diferenciais e simplificar.
Nem tudo que agregamos aos produtos e serviços – ou ao currículo, é fundamental para todo mundo. Saber o que apresentar e para quem é fundamental.
Tenha uma estratégia bem definida e saiba para onde está indo. Na nova economia, o profissional pode ser gestor em um projeto e especialista no outro, e tudo bem. É escolher o que vai oferecer.
> Quais são as preferências e tendências do seu público?
Não adianta seguir com a frase “sempre foi assim”. Até ontem seu cliente podia te ligar para fazer um pedido. Se hoje ele prefere o whatsapp, é você que precisa se adaptar, não ele.
Seu cliente ou empregador irá buscar outra opção, mais “do jeito dele”.
Vejo muitos profissionais que se mantiveram em empresas tradicionais por muitos anos e não se preocuparam em olhar as tendências da sua área ou mercado – e quando precisaram buscar uma recolocação sabiam softwares ou processos sem uso nas demais empresas, aquele conhecimento servia somente para onde estavam antes.
> Quais mudanças estão por vir – e o que pode sumir – na sua área de atuação?
O UBER foi criado em 2009. Os táxis perceberam isso, fizeram algum movimento antes de serem ameaçados?
Se você está antenado com o seu setor, precisa pesquisas e acompanhas o que rola no mundo. Grande parte das inovações surgiram em outros países antes de chegar por aqui.
Três dicas simples: leia um jornal estrangeiro, diariamente. Frequente eventos da sua área. Converse com pessoas que são referência.
> O que é necessário para começar?
Assim como o Uber aceitou motoristas sem carro (inclusive fazendo parcerias com locadoras de veículos), hoje para começar numa profissão não é necessariamente preciso um diploma universitário, assim como para empreender você não precisa de um escritório ou capital.
Saber o que quer, estabelecer bons relacionamentos, ter uma planejamento e arregaçar as mangas ajuda muito quando faltam outros atributos.
Não espere estar pronto para começar.
Comece e se desenvolva constantemente, ajustando o que rola no caminho. Tem muitos cursos e eventos acontecendo por aí, não é fácil mas é possível começar do zero e ser bem sucedido.
Voltemos a falar de mudanças…
Em 2016 o Fórum Econômico Mundial lançou um relatório sobre o Futuro do Trabalho , uma parte importante da chamada 4a Revolução Industrial com uma visão até assustadora: no prazo de 5 anos, muita coisa vai mudar, será um período crítico para profissionais, empresas, nações. Muitas funções desaparecerão, outras novas serão criadas.
Isso afetará diretamente em nossas competências profissionais.
O processo de migração profissional será cada vez mais acelerado e comum. Não bastará “o que fiz e estudei” e sim, como consigo utilizar estes conceitos e experiências em novos formatos e aplicações.
Mudar, se adaptar e criar serão verbos constantes em nosso vocabulário. Transição de carreira e reinvenção profissional deixarão de ser mito.
E quando olhamos para este mundo VUCA (Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo), quais competências são essenciais à todos profissionais?
Exatamente as ligadas a adaptação, visão estratégica, inovação e humanização.
Mais do que nunca, as “soft skills” serão super valorizadas.
Não basta fazer, é preciso se preocupar com o “como fazer” e com o impacto das nossas realizações.
Então vamos a lista das competências profissionais que tenho verificado serem as fundamentais para o profissional do futuro:
Resolução de Problemas Complexos e Pensamento Crítico
Não somos os mais rápidos nem os mais fortes. Quando li o best seller Sapiens, uma coisa ficou clara: chegamos até aqui porque somos inteligentes!
Segundo o relatório do Fórum Econômico Mundial nos próximos anos 36% das atividades irão exigir habilidade para solução de problemas complexos.
Junte a isso o pensamento estruturado, a capacidade de comunicação clara, assertiva e objetiva, de olhar para uma questão sob diferentes perspectivas e reconhecer o que existe por trás de cada problema define o conceito de pensamento crítico.
Para mim, o uso destas competências unida a uma visão empática e global é o que concede grande diferencial para profissionais e empresas.
Criatividade a mil
É a competência onde ganhamos em disparada dos robôs. Uma mente criativa e imaginativa propõe novas soluções e abordagens, cria possibilidades e tem capacidade para superar problemas através da análise de viabilidade e aprendizados. Ou faz algo novo, ou irá aprender para aplicar rapidamente no próximo desafio, ajustando processos e produtos.
Gestão de pessoas vira “Cuidar de Gente”
Não basta apenas ter técnicas e abordagens sobre motivar, engajar e contratar pessoas. Cuidar de gente é olhar para particularidades, entender sobre a individualidade de cada ser humano e conseguir unir propósitos, talentos e ambições individuais em projetos onde todos consigam trabalhar melhor, cooperar, se desenvolver e crescer.
Cada vez mais caem os títulos de liderança e surgem os mentores e líderes inspiradores e por projetos.
Coordenar, Gerenciar e Liderar – com a Autogestão em primeiro lugar
Coordenar projetos paralelos, em alguns casos até para empresas e com equipes distintas, será realidade de muitos profissionais, principalmente quando olhamos para as mudanças no modelo de trabalho (o modelo CLT tende a diminuir a cada ano).
Assim, fazer uma autogestão de tempo, prioridades e recursos é fundamental. Além de conseguir coordenar suas demandas, os profissionais terão que apoiar esta coordenação dos grupos em que estiverem inseridos, trabalhando fortemente em colaboração.
Emoção, Empatia e Ética
Os 3 Es da humanização. Emoção inclui inteligência emocional, entendermos nosso funcionamento e o impacto das emoções em nossas decisões e reações.
Precisamos parar de esconder as emoções para então aprendermos a lidar com elas.
Empatia para entendermos que cada um tem sua história, vivências e percepções, que impactam na motivação e na forma como agem.
Não dá para cuidar de pessoas (sejam elas funcionários, fornecedores ou clientes) sem ser empático de fato com o outro.
Ética atrelada ao uso dos nossos valores. Fazer o que é correto mesmo que ninguém veja. Produzir produtos e serviços com os quais concordamos, com sustentabilidade de forma global e com princípios sociais e econômicos.
Viés Tecnológico
Em breve, sem entender o mínimo de computação uma pessoa terá muita dificuldade até mesmo para fazer coisas básicas, como agendar uma consulta ou abrir a porta de casa. Esqueça clichês como “eu já sou velho” ou “já sei o suficiente”.
A tecnologia hoje muda de forma acelerada e estar “antenado” com as mudanças e entender o mínimo sobre elas se faz necessário. Não pare de aprender.
Aliás, capacidade de aprendizado contínuo também é uma das competências profissionais do futuro.
Por fim, não por acaso: resiliência
Ter capacidade de mudar, de se adaptar e não ficar reclamando pelos cantos ajuda no processo.
Não temos uma bola de cristal para identificar com clareza o que vai acontecer no futuro, mas temos boas pistas das mudanças que estão vindo.
Podemos agir com imprudência e descaso, nos posicionando como vítimas dessa onda ou podemos agir com foco em nos aperfeiçoar sempre, ajustando comportamentos e conhecimentos para que novas experiências sejam construídas.
30% dos trabalhos feitos hoje já podem ser realizados por robôs. Se você ainda está trabalhando (ou se quer se manter na ativa), pense:
- Como eu posso desenvolver as habilidades que me diferencia de um robô?
- Como eu posso estar atento às mudanças em minha área de atuação?
- O que eu posso fazer que um robô não faria?
- Quais as minhas grandes contribuições – para a empresa, os clientes, o mundo?
Invista em melhorar nestes aspectos e nas competências profissionais citadas.
Também não se esqueça que os modelos de trabalho vão mudar.
Ser dono da sua jornada, escolher suas experiências e aprendizados, construir uma carreira com visão de portfólio e cuidar da imagem profissional farão toda diferença.
Não tente ser melhor do que um robô, não vale a pena a disputa. Seja um ser humano cada vez melhor.
Se precisar de apoio, conte com a gente.
Ajudamos profissionais e empresas que precisam se reinventar!