Liderança: o que mudou nos últimos tempos e como se preparar

“Manda quem pode e obedece quem tem juízo”. Essa frase antiga traz com ela uma ideia do que era a liderança tempos atrás.. 

Afinal, o gestor era aquele que dizia aos trabalhadores o que e como realizar cada um dos processos da empresa, controlando de perto o trabalho e punindo no caso de erros. Ainda tem líder que age assim, mas estão com os dias contados.

O mundo passou por diversas transformações e hoje estamos na chamada Era do conhecimento, da informação. Para se manterem competitivas, as empresas precisam de líderes com outro perfil, mais relacionado às competências comportamentais como inteligência emocional e capacidade de influenciar do que com a capacidade de controlar os trabalhadores. 

Se isso já acontecia, com a pandemia esse cenário se acentuou:

Líderes sedentos de controle foram afastados fisicamente dos seus colaboradores e não param de se questionar: e agora, como mantenho a produtividade? Como controlo tudo sem supervisionar de perto?

Um mundo diferente exige lideranças diferentes

Como a liderança mudou nos últimos anos

Há muitos anos o mundo passava pela sua primeira revolução industrial. Quando aconteceu, ela trouxe grandes transformações para as empresas, economia e a sociedade da época. Foi a partir dela que as máquinas ocuparam espaço dentro das fábricas e os trabalhadores se tornaram mais produtivos. 

Essa Era industrial, impulsionada pela primeira e, depois, segunda revolução, foi o que possibilitou a ascensão de empresas como a Ford. Ela foi considerada inovadora na época, por causa das suas linhas de produção, esteiras de montagem e o famoso Ford T. Tanto que o modelo de produção da Ford — o famoso Fordismo — se espalhou pelas empresas de todo o mundo.  

Nesse contexto, o líder era aquele que melhor controlava os tempos e processos dos trabalhadores. Era necessário observar a produção de perto para garantir que tudo sairia como planejado. O líder era, na verdade, não um gestor, e sim um fiscal do trabalho. E as pessoas eram “parte da máquina”. 

A Era industrial não foi totalmente superada, mas devido, principalmente, à Revolução Tecnológica dos últimos anos , à chegada da internet e a introdução dos conceitos sobre humanização do trabalho, a sociedade e as empresas passaram por grandes transformações. 

Ouvimos falar sobre a chegada do mundo  VUCA, acrônimo em inglês para volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade, características do mundo pós-guerra fria, quando o termo foi criado pelo Exército dos EUA.

Outros autores, como é o caso de Drucker, dizem que vivemos na Era do Conhecimento, momento no qual o conhecimento se torna um grande diferencial nas organizações. 

Independente do nome dado, o fato é que o mundo mudou. 

Nesse novo contexto, as organizações precisam se modificar, se reinventar, para continuar existindo e se manter competitivas. É preciso atender às novas demandas do capital financeiro e humano, investindo em tecnologia, inovação e se tornando mais eficientes e eficazes.

Com isso, a liderança também precisa se modificar, assim como relação entre líderes e liderados. 

O que significa ser líder na atualidade?

Diante desse novo cenário, diversos autores da administração passaram a discutir o conceito de liderança. Afinal, o que é ser líder no mundo atual? 

Um deles é Peter Drucker, que foi professor na Universidade de Nova York por mais de 21 anos e consultor em gestão de empresas como a IBM, considerado o pai da administração moderna. 

Visionário, Drucker escreveu o livro “O Líder do Futuro”, no qual expõe sua pesquisa sobre o tema. Segundo ele, o líder precisa desenvolver competências específicas para atuar nos ambientes atuais, de sucessivas mudanças e instabilidade. Essas competências são mais subjetivas do que técnicas, relacionadas à empatia, disposição para correr riscos e capacidade de trabalhar sobre pressão.

Além disso, o líder precisa entender quais ele possui e quais precisam ser desenvolvidas por um trabalho de autoconhecimento prático: identificar no que pode melhorar e estabelecer ações para mudança. 

Completando o pensamento de Drucker, outros autores indicam o perfil de líder guia, que sabe influenciar e é seguido, pois oferece soluções completas, de forma empática porém assertiva. A liderança atual é um processo de confiança, respeito e dedicação, um vínculo entre os líderes e liderados que compartilham um objetivo em comum. 

Portanto, enquanto, no passado, os líderes eram aqueles que controlavam, tomavam decisões sozinhos e apenas diziam aos trabalhadores o que deveria ser feito, na atualidade as necessidades são outras e, por isso, o líder deve ter outro perfil. Ao invés de comandar, o líder é quem gera confiança, certeza, coragem, força, ação, convicção, método e otimismo. 

Nesse aspecto, voltando a Drucker, o autor afirma que líderes natos podem até existir, mas não são eles que fazem a diferença. Afinal, a liderança pode e deve ser aprendida, sendo baseada na responsabilidade, orientação para resultados e capacidade de se tornar um exemplo para os liderados. 

Liderança na atualidade: novas competências em jogo

Agora que você já tem um panorama sobre as mudanças no mundo e no papel do líder, é hora de entender quais são as principais habilidades que um líder nesse novo contexto deve possuir. Algumas  delas: 

  1. Inteligência emocional

O conceito de inteligência emocional foi criado por Goleman, em 1998. Segundo ele, esse é um dos principais elementos necessários para que uma pessoa atinja o sucesso profissional, sendo essencial para os líderes da atualidade. Essa inteligência se refere à capacidade que uma pessoa possui de controlar os seus próprios sentimentos e identificar os sentimentos das pessoas ao redor, buscando as melhores ações para solucionar os problemas do dia a dia. 

A inteligência emocional é formada por 5 características: autoconsciência, autodomínio, automotivação, empatia e habilidades sociais.

A combinação desses cinco elementos permite que o líder desenvolva habilidades para além da inteligência emocional, como a comunicação, autoconfiança e capacidade de inspirar o grupo de coordena. 

  1. Comunicação 

Outra habilidade essencial para o líder da atualidade é a comunicação clara e objetiva. O líder precisa ser capaz de organizar as suas próprias ideias e passá-las para o grupo. Porém, a comunicação é uma competência que ainda vai além da transmissão de informações. 

O bom líder não é aquele que manda, mas aquele que sabe ouvir e isso está muito relacionado à capacidade de comunicação e transparência desse profissional. O líder precisa saber escutar as demandas dos trabalhadores, entender quais são os obstáculos e conflitos do grupo e, a partir disso, buscar as melhores soluções.  

  1. Flexibilidade

O mundo VUCA é, como o próprio nome já diz, bastante instável. Uma empresa que está no topo hoje pode, amanhã, sofrer um revés e precisar se adaptar a uma nova realidade. 

É por isso que a flexibilidade é outra habilidade essencial para o líder moderno. É preciso saber se adaptar à essas mudanças e, inclusive, entender como prevê-las para se preparar. Além disso, o líder precisa estimular a flexibilidade no grupo de coordena, garantindo que os trabalhadores também saberão se adaptar às mudanças do mundo atual. 

Junto com a flexibilidade falamos sobre o conceito de Lifelong Learning: entendimento que nunca estamos 100% prontos, que todo mundo tem algo a aprender, enquanto passa pelo processo de desaprender – se libertar do que não serve mais. E pra isso, haja flexibilidade! 

  1. Coerência 

Poucas pessoas falam sobre a habilidade de ser coerente, mas saiba que ela é essencial para o líder da atualidade. Em um mundo cada vez mais incerto, os trabalhadores precisam de uma âncora, um porto seguro, para realizar as atividades com tranquilidade. O líder deve ser essa âncora, e isso é feito por meio da coerência entre suas ações e valores que proclama. 

Isso significa que o líder deve ter clareza dos seus valores, princípios e ser fiel a eles. As suas ações devem refletir essas crenças e ele precisa ser coerente, ou seja,  ter um padrão de ação diante de situações semelhantes. 

  1. Orientação para resultados

Por fim, o líder que realmente faz a diferença em uma empresa é aquele que é orientado para resultados. Mas, o que isso significa? 

Ser orientado para resultados significa que você valoriza o resultado efetivamente gerado pelo trabalhador, sendo imparcial em relação às diferenças individuais e preferências dos membros do time. Dessa forma, o líder deve ter controle sobre a missão e metas da organização, monitorando desempenho e resultados, ao invés de monitorar tempo de trabalho da equipe, por exemplo. 

Os resultados não podem jamais ser deixados de lado. Mas o COMO buscá-los é cada vez mais importante pois está diretamente ligado a sustentabilidade e imagem do negócio, não apenas a uma entrega pontual e sim como  o time consegue entregar e se desenvolver, de forma ética e consistente, no decorrer do tempo. 

O mundo mudou e, com ele, o papel do líder também se transformou. Para ser um líder de sucesso no contexto atual é importante que você entenda quais são essas transformações as principais habilidades que você deve desenvolver para se adequar a elas.

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