Reclamar da carreira é algo comum para você ? Se Deus deu a vida pra cada um cuidar da sua, e a carreira, é problema de quem? Do seu líder, da empresa, dos seus pais? Nada disso. A carreira também é problema nosso. Meu, seu, de cada um.
Aí mora um problema: nossa cultura em grande parte responsabiliza empresas e empregadores pela evolução profissional (ou falta dela).
Olhe para o lado e verá um monte de pessoas que só fazem cursos quando a empresa paga e agenda, seguem o rumo que o líder define, fazendo / estudando apenas o que cabe dentro da área ou empresa (e ficando muitas vezes defasado para o mercado ao sair daquela empresa).
Antes de seguirmos falando sobre carreira, é bom alinharmos: Você saber qual é a diferença entre trabalho, emprego ou carreira?
Neste vídeo eu explico:
De forma bem simples, conforme disse o consultor em Max Gehringer:
“Ter um emprego é o que garante o seu natal deste ano, enquanto ter uma carreira garantirá o seu natal por muitos e muitos anos.”
A carreira é algo que se constrói e da qual colhemos frutos por longo período. Exige dedicação, planejamento, construção de conhecimentos, habilidades, resultados, imagem, relacionamentos, que citarei como conquistar durante o texto.
Não basta reclamar da carreira
Vamos voltar um pouco no tempo para entender por que a maioria das pessoas tem dificuldade com a gestão da sua carreira?
Revolução industrial:
Durante e logo após a 2a guerra mundial houve a necessidade do aumento da produção de insumos nas fábricas. O modelo fordista, sucesso na época e até pouco tempo atrás, exigia profissionais especialistas e dedicados.
Cada profissional se formava em algo específico e trabalhava durante 30 anos na mesma fábrica, área, posição. Fazendo exatamente a mesma coisa durante esse período.
Formação:
No Brasil, a principal formação profissional das pessoas, principalmente até o começo dos anos 2000 era provido pelo governo e instituições empresariais, que formavam mão de obra especializada para suprir demandas produtivas das empresas.
Nosso mercado era fechado, não tínhamos internet até pouco tempo atrás e o acesso a idiomas também não era algo obrigatório, poucos usavam. Era bem mais fácil seguir assim, fazendo o que demandavam e sem questionar, afinal, era um modelo que estava dando certo para muita gente.
Diversidade:
Até poucos anos atrás eram poucas as variáveis entre os cursos superiores. Saímos de centenas de opções de cursos até final dos anos 90 para milhares de opções nos últimos anos, como os cursos tecnólogos. Cuidar da carreira significava fazer um curso técnico ou superior e ele se bastava durante toda sua trajetória.
Se o cenário até final dos anos 90 era esse, formando especialistas para ocupar posições fixas nas fábricas, e hoje?
O mundo mudou e pra gente basta: se adaptar ou reclamar da carreira (ou da falta dela).
O que você prefere?
O mundo VUCA (volátil, incerto, complexo, ambíguo) pede tomada de decisão rápida, atualização constante (life long learning, já ouviu falar sobre isso?) desenvolvimento comportamental (as famosas soft skills), construção de relacionamentos, cuidado com imagem incluindo uso de redes sociais (como o LinkedIn, que muitos ainda resistem).
Só diploma e resultados já não dizem muita coisa.
E agora? Vai reclamar da carreira ainda?
Quer um lenço ou uma solução?
Enquanto você chora e pensa sobre o que fazer alguém está se desenvolvendo e agarrando uma oportunidade.
Assumir sua carreira será seu grande trunfo. Aqui, leia: planejar, executar, ajustar. O famoso PDCA aplicado à sua carreira.
Nos processos de planejamento e desenvolvimento de carreira que faço, seja para profissionais que me procuram ou em processos dentro de empresas, utilizo a metodologia que desenvolvi chamada Planejamento Estratégico Profissional 2C2R.
Aqui as diretrizes para você começar a fazer o seu:
Passo 1 – Pra onde vai a sua carreira?
Imagine que você está dirigindo um carro. Olhar pra frente é fundamental: aonde você quer chegar, quais são seus objetivos. Numa viagem longa, não adianta planejar cada etapa e na carreira é a mesma coisa, logo, estabelecemos duas marcas: curto prazo – objetivos para 1 ano e médio prazo, objetivos para 2 a 5 anos.
Não esqueça de alinhar seus objetivos com sua vida pessoal, que seriam as paradas no caminho para comer, ir ao banheiro, esticar as pernas. Suas necessidades pessoais precisam ser previstas e respeitadas no planejamento.
É preciso também olhar para o caminho que já percorreu, sua trajetória. Ficará mais fácil saber se o que você planejou é viável ao olhar o que você já construiu.
Passo 2 – Resultados
Quais serão os marcos que você irá conquistar? Definas os seus resultados a serem conquistados, as métricas do seu sucesso e ascensão profissional. Podem estar ligados à questões financeiras, títulos, pessoas impactadas, negócios realizados, etc.
Passo 3 – Conhecimentos
Lembre-se que o novo mundo pede estudo contínuo e nem só de longas formações se faz um bom profissional, aliás, o conhecimento não necessariamente vem acompanhado de um certificado. Claro que você pode estabelecer cursos a serem feitos, mas inclua também leituras e conhecimentos práticos: seja voluntário, participe de grupos, discussões, fóruns.
Insira em seu planejamento os temas e conteúdos que precisa aprender, mês a mês.
Passo 4 – Comportamentos
As soft skills dizem respeito ao “como” você executa suas atividades e busca seus resultados. Algumas competências são fundamentais, como inteligência emocional, comunicação, liderança (desatrelado ao cargo, e sim, ligado à postura profissional proativa), relacionamento interpessoal.
Segundo o Fórum Econômico Mundial 10 competências são fundamentais para os profissionais manterem-se atualizados, são elas.
- Resolução de problemas complexos
- Pensamento Crítico
- Criatividade
- Gestão de Pessoas
- Coordenação (de times, tempo, atividades, prioridades, projetos)
- Inteligência Emocional
- Capacidade de tomada de decisão
- Orientação para servir e colaborar
- Negociação
- Flexibilidade Cognitiva
Liste os comportamentos que você precisa desenvolver e perceba no dia a dia quais comportamentos estão prejudicando sua atuação profissional e coloque-os no seu planejamento. A cada mês, dê ênfase na mudança de um comportamento, estabelecendo ações práticas e estudo conceitual sobre ele. A prática diária, aliada à conscientização e disciplina é que levarão à mudança comportamental.
Passo 5 – Relacionamentos
Pare de reclamar do QI (quem indica) e aprenda a cultivar relacionamentos. Interaja com pessoas da sua área de atuação, frequente eventos, esteja disponível. No planejamento, inclua no mínimo uma ação mensal para cultivar e fazer relacionamentos profissionais, pode ser um café com um colega de longa data ou ir à um evento novo.
Passo 6 – Imagem
Não adianta ser bom, ter estudado muito e ninguém saber disso. Imagem profissional diz respeito à como as pessoas te veem.
Aqui tem um lembrete: quem não é visto não é lembrado.
A sua imagem profissional está ligada aos temas que domina e aborda, como se apresenta, como trata as pessoas. Não crie um personagem que não se sustenta em público.
Defina como você quer ser visto e invista em dar visibilidade a esta imagem profissional. Uma forma simples é através de plataformas online, como o LinkedIn, a maior plataforma profissional do mundo e ainda hoje renegada ou mal usada por muitos.
Cuidado também para não reclamar da carreira ou falar mal do empregador nas redes sociais, pode ser mal visto!
4 tópicos simples para usar o LinkedIn no fortalecimento da imagem profissional:
- Seu perfil, sua imagem: invista tempo no seu perfil, mantenha-o atrativo e atualizado
- Faça postagens: fale sobre o que sabe, faz, estuda. Perca o medo de se expor, sua carreira quer essa interação.
- Fale com as pessoas: estabeleça conversas através dos comentários ou inbox. Sobre o que falar? Mais uma vez: sobre o que você faz, estuda, sabe. Contribua e aprenda.
- Expanda seu networking: sim, adicione pessoas que você não conhece! Uma dica é procurar profissionais que trabalham nas empresas e cargos que você sonha estar, aprenda com eles!
Bom, nada disso tem sentido sem uma palavra que parece batida mas que faz falta pra muita gente: autoconhecimento! Se você não tem clareza sobre você, seus potenciais e limitações, ou se não sabe como mudar esse cenário, peça ajuda!
Não precisamos saber tudo, mas podemos ter a iniciativa de correr atrás das respostas ao invés de sentar e chorar ou reclamar da carreira.
Depois do planejamento feito, é hora de acompanhar, mês a mês, a sua evolução. Ajuste as metas, inclua novos itens, siga evoluindo. Lembre-se: a carreira é sua e você é o maior interessado em sua evolução.
Pare de reclamar da sua carreira e faça algo para mudar!
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